“Estou gorda. Estou magro. Queria ser mais alto. Queria ser mais baixa. Queria ter o cabelo liso. Porque é que o meu nariz é tão grande? Já reparou nas minhas orelhas? O meu peito é tão pequeno. Não gosto de ser tão mamalhuda. Porque é que as minhas ancas são assim tão largas como as de uma vaca?... E por aí fora.
Reconhecem-se nestas afirmações? Vocês pais ou vocês filhos? Acham que “não valem muito”, que os outros são sempre melhores? As boas notícias é que há muita gente que partilha os mesmos sentimentos. As más é que essa auto-estima parece estar em baixo…
Chama-se auto-estima à maneira como aceitamos quem somos, física, psicológica e intelectualmente, e como valorizamos os nossos feitos e nos orgulhamos de nós, sem deixar de saber reconhecer defeitos, erros ou corrigir atitudes e comportamentos.
Ter boa auto-estima é muito importante, porque gostarmos de nós é uma peça essencial que serve de factor protector para quando as coisas não correm exactamente como desejávamos. É uma característica que nos ampara quando nos desanimamos ou nos sentimos sós. É o que nos ajuda a dar a volta e a vencer. Por outro lado, sentimo-nos bem connosco próprios faz que nos dêmos melhor com os outros e com a própria vida, criando um circulo vicioso positivo.
A imagem corporal refere-se concretamente à parte física da auto-estima. É gostarmos mais ou menos do corpo, em geral, e das suas diversas características particulares. Na adolescência, o corpo e a mente mudam de uma maneira muito rápida, causando alguma perplexidade e o sentimento de não saber quem se é ou quem se vai ser. Por outro lado, como um adolescente começa a “pensar pela sua cabeça”, não tendo ainda os parâmetros e os critérios de auto-avaliação bem definidos, necessita muito da aprovação externa e está muito dependente dos sinais que vêm dos amigos, familiares e pessoas em geral. As críticas dos outros podem, assim, ser sentidas como penalizadoras sobre a auto-imagem ou a auto-estima.
Entre os factores que influenciam a auto-estima estão: a puberdade, não apenas pelas mudanças corporais quase diárias, mas também pelos parâmetros de avaliação e comparação que tanto podem fazer sentir-se no auge do glamour como no dia seguinte, podem estar na “fossa”.
Outro parâmetro de comparação é o grupo de pertença. Além deste, os meios de comunicação desempenham um papel cada vez mais importante. Além deste, os meios de comunicação desempenham um papel cada vez mais importante, dado que promovem imagens de pessoas – rapazes e raparigas – muito afastadas da média, ridicularizando também algumas tipologias corporais: gordas, baixas, com alguma espécie de deficiência minor.
As relações no ecossistema familiar são igualmente fundamentais. Há pais que passam a vida a denegrir a imagem dos filhos ou das filhas, quase sadicamente. Se é necessário não perder de vista a realidade e não fantasiar sobre os atributos – físicos ou intelectuais, artísticos e temperamentais – dos filhos, criticando-os quando há lugar para isso, um adolescente que vê os seus talentos e efeitos elogiados terá, ele próprio maior capacidae de julgamento sobre si mesmo, separando a sua parte “boa” da sua parte “menos boa”, melhorando esta ultima.
Na escola, muitos jovens podem ser vítimas de discriminações, preconceitos raciais, étnicos, religiosos, políticos ou sociais, ou transformados em bodes expiatórios ou “cabeças-de-turco” por outros que se julgam todo-poderosos, numa lógica quase mafiosa.
Melhorar a imagem corporal
Mais do que tentar modificar o corpo, é importante uma pessoa estar bem consigo própria e entender o seu corpo como algo precioso; há que perceber que o corpo é teu, independentemente do que ele é. É teu. E, portanto, é a coisa mais importante do mundo; claro que haverá coisas a modificar, mas de forma realista, e como se fosse um desafio, com objectivos, estratégias e medidas, a tomar passo a passo, devagar, porque as pessoas só levam as frustrações ou as vitórias efémeras; se descobres que estás a ser demasiado crítico contigo, pára. Para cada coisa que julgas negatiga, escolhe uma positiva. Vá, procura, descobre, encontra. A condição humana é assim, feita de coisas boas e coisas más, e não somos perfeitos.
É pois natural que encontremos, em nós próprios, coisas melhores e piores. Entusiasmemos as primeiras e controlemos as segundas – é um bom projecto para qualquer época do ano.
Vê se és capaz de fazer três piropos por dia a ti próprio. Não adormeças sem pensar em três coisas boas que tenham acontecido nesse dia. E não sejas demasiado exigente: não é preciso ganhares o Euromilhões ou o teu clube ser campeão, basta porventura um pôr do sol bonito, uma música nova que ouviste ou alguém que se riu porque disseste uma coisa com piada.”
Notícias Magazine, 15 fevereiro 2009
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