Doenças do sono afectam pessoas de todas as idades
17:31 | Author: Ganhar Dinheiro Comig0
“O sono é mais essencial à sobrevivência do que comer e beber”. Quem o afirma é Teresa Paiva, neurologista, professora universitária e especialista portuguesa em Medicina do Sono. De acordo com esta especialista “estamos perante um sono de qualidade quando uma pessoa acorda bem-disposta e com a sensação de que dormiu o tempo que precisava. Quando um adulto dorme as sete ou oito horas de que necessita, mas acorda com a sensação de que não descansou, tem um problema e deve procurar ajuda médica especializada”. As crianças até aos dois ou três anos de idade devem dormir entre 14 e 15 horas por dia, passando para 12 horas quando atingem a idade escolar, para nove horas durante a adolescência e finalmente para entre sete a oito horas na idade adulta. “Apesar disto, há uma variabilidade individual do sono”, salienta Teresa Paiva. “Há pessoas que apenas precisam de dormir seis horas e outras que só após 10 ou 12 horas é que se sentem bem na manhã seguinte”. Quais são então os principais sinais de alerta de que podemos estar perante uma doença do sono? “Ter insónias consecutivas, ressonar, ter comportamentos esquisitos durante a noite, não conseguir resistir ao sono e adormecer sem querer durante tarefas que requerem alguma atenção, são alguns dos indícios de que algo pode não estar bem”, alerta a também responsável pelo Centro de Electroencefalografia e Neurofisiologia Clínica (CENC), em Lisboa. Existem 88 doenças do sono devidamente identificadas, no entanto, algumas delas são ignoradas pela população. “O ressonar, por exemplo, é uma doença que não é vista como tal pela população, assim como a síndrome de comer nocturno. Há também a violência durante o sono, uma patologia de que se fala pouco, mas que representa verdadeiramente um problema, que pode ter consequências graves”, enumera a professora. Considerado como o mais frequente dos distúrbios do sono, a insónia afecta actualmente um em cada cinco portugueses. “O sono dos portugueses não tem andado lá muito bem nos últimos anos e agora, com a crise, acredito que esteja pior. A nossa vida é de tal maneira alvoroçada, trabalhamos tantas horas e temos tantos encargos financeiros e familiares, que a sobrecarga é de tal maneira grande que não aguentamos tudo”, explica Teresa Paiva, salientando que as doenças do sono se podem manifestar em pessoas de todas as idades e muitas vezes sem nenhuma causa específica que as motive. No entanto, adianta, “há doenças do sono que afectam claramente mais os homens, como a apneia, e outras que afectam mais as mulheres, como é o caso das insónias moderadas ou severas. Por outro lado, é importante referir que, em regra, os problemas do sono aumentam com a idade, embora os adolescentes, que se deitam e levantam muito tarde, possam começar a sofrer da síndrome de atraso de fase, logo nessas idades”. Em relação às crianças, Teresa Paiva é peremptória. “Os pais têm de perceber que as crianças crescem a dormir e que se as privarem das horas de sono de que elas precisam, que são bem mais do que as dos adultos, elas têm um risco acrescido de obesidade, de hipertensão, de problemas cardíacos e de insucesso escolar e têm, fundamentalmente, um futuro muito mais nebuloso, no sentido em que quando chegarem aos 30 anos de idade vão ser adultos mais deprimidos, mais irritáveis, mais ansiosos e consequentemente mais medicados”. Perante tudo isto é fundamental que as pessoas adoptem uma postura de mudança em relação aos seus hábitos de sono, conscientes de que as doenças do sono têm tratamento.

Fonte: M.J.F.
Dica de 6 Novembro de 2008