No âmbito da saúde, resolvi escrever este post sobre a patologia ALZHEIMER, uma doença que afecta cada vez mais a população idosa. De forma a esclarecer como se manifesta, diagnostifica e o tratamento adequado, escrevi um artigo baseado em alguns artigos da internet e textos de Zimerman (2001).
O Alzheimeir é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, caracterizado por início insidioso de demência (redução progressiva da memória e da função cognitiva global, ou seja, deterioração das habilidades intelectuais previamente adquiridas que interfere na actividade ocupacional ou social).
O aspecto clínico da Doença de Alzheimer (DA) pode ser razoavelmente variado e está divido em três estágios progressivos - precoce, médio, e tardio - de 2 a 3 anos cada.
A característica mais comum é a deterioração progressiva e constante da função intelectual, apesar desta deterioração ser altamente variável. Muitos pacientes experimentam períodos de estagnação, quando a progressão parece parar. A sobrevida média é de 7-10 anos. Os distúrbios de memória, são os sintomas mais comuns e precoces, porém eles raramente existem isoladamente. A maioria dos pacientes está debilitada em duas ou mais áreas cognitivas. As áreas mais comuns de déficit são: a memória (87%) e a linguagem (72%), mas os déficits na função visuo-espacial e atenção também são comuns (44%-49%).
Segundo Fróes (2004) esclarece que a memória é a área mais afectada na maioria dos casos. Geralmente o paciente esquece compromissos, repete perguntas sobre factos do dia, esquece onde colocou as coisas, etc. Além disso, ele apresenta dificuldades em repetir uma lista de palavras ou reproduzir formas após uma observação rápida. No caso da linguagem, passamos a notar problemas na adequação de palavras, levando a um discurso não fluente e "vazio". Em estágios mais avançados, observamos outros déficits da linguagem, além da linguagem expressiva, como: dificuldades na leitura, compreensão, repetição e escrita.No caso da função visuo-espacial, logo no início da doença, os pacientes apresentam déficits nas tarefas mais complexas (por exemplo: como desenhar a figura de um relógio) e até mesmo na habilidade para desempenhar tarefas menos complicadas, como desenhar uma forma conhecida. Há também desorientação espacial, no início em ambientes novos e depois nos locais familiares.
Existe ainda uma série de mudanças da personalidade e humor, são sintomas comuns, mas variáveis. Muitas pessoas demonstram acentuação de características da sua personalidade. Outros pacientes experimentam uma inversão da personalidade. Em alguns casos, há desinteresse, apatia e inibição. Desconfiança e paranóia também podem ocorrer. No início da doença, os pacientes podem apresentar depressão, provavelmente pela percepção de seu próprio declínio. Em geral, eles experimentam afastamento, perda da complexidade e falta de controlo. Os pacientes perdem a capacidade de julgamento, geralmente sentindo-se muito bem, sem percepção da doença actual. Podem, ainda, apresentar euforia, agitação, andar sem destino, perda da higiene, da iniciativa, e choro afectivo.
Um neurologista explica ainda que mais tarde surgem problemas com a marcha e até sinais neurológicos conhecidos como extrapiramidais (tremores, rigidez) e mioclonias (movimentos involuntários dos músculos). As crises convulsivas generalizadas podem aparecer em 10% dos casos. No estágio final da doença o paciente fica imobilizado, sem controlo das funções do organismo, não se comunica e não consegue deglutir. A morte normalmente ocorre por complicações respiratórias, como aspiração e pneumonia.·
Em 10% dos casos ocorrem apresentações clínicas atípicas, com déficits em apenas uma área cognitiva ou paranóia e comportamento bizarro.
Segundo Froé (2004), a etiologia da Doença de Alzheimer não é totalmente conhecida. Este distúrbio pode estar relacionado a múltiplas causas. As causas genéticas já são aceites, podendo interagir com um ou diversos factores ambientais e factores associados à saúde. Aproximadamente 25% dos pacientes com esta doença têm um parente que já apresentou este tipo de condição. Nestes casos, a doença surge precocemente, entre os 50 e 60 anos de idade.
A Doença de Alzheimer é multifactorial. "Está clara a sua associação também à idade, ao envelhecimento cerebral, com possibilidade da interacção de factores tóxicos exógenos (alumínio), endógenos (glutamato), deficiência de factor metabólico intrínseco (factor de crescimento neural), defeitos metabólicos sistémicos da haste hipotalâmico-hipofisária adrenal, agentes inflamatórios ou infecciosos ("prion") e acúmulo de bAP no cérebro", explica Froés.
O diagnóstico da Doença de Alzheimer é feito por exclusão. Três princípios básicos para detectar a Alzheimer: ocorrência de déficits progressivos na memória e em pelo menos uma outra área cognitiva; os déficits cognitivos gerando um comprometimento significativo das actividades sociais e ocupacionais; e que outras causas possíveis de demência sejam excluídas.
O diagnóstico, segundo Froés (2004), é feito através de uma avaliação clínica, com uma anamnese detalhada e avaliação neurológica (para excluir outras doenças neurológicas), testes neuropsicológicos, avaliação da actividade da vida diária e exames de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética), além de exames laboratoriais. O diagnóstico preciso e precoce da Doença de Alzheimer pode proporcionar algum controle dos sintomas e retardar o ritmo de progressão da doença.
Existem três formas de melhorar a qualidade de vida do paciente de Alzheimer, retardando sua dependência, desacelerando a deterioração cognitiva, e facilitando a vida do cuidador (aquele que toma conta do paciente).·A primeira delas relaciona-se com as medidas psicossociais, com a finalidade de avaliar as actividades do dia-a-dia, promovendo recursos para auto-manutenção física, higiene, actos de vestir, comer, tomar banho e se arrumar. Depois devem ser avaliadas as actividades instrumentais da vida diária, como comunicação, fazer compras, arrumar a casa e se locomover. O "cuidador" do paciente é a pessoa ideal para descrever o seu comportamento. Quando o cuidador é o cônjuge ou outro membro da família, a carga emocional propicia um grande número de transtornos, devido ao elevado grau de stress como as doenças físicas, depressão, insónia, perda de peso, abuso de álcool e de medicamentos psicotrópicos, abuso físico e verbal do paciente. Por isto é de grande importância o cuidado com estas pessoas, para que também elas não adoeçam física e emocionalmente. Outros membros da família, amigos, pessoas contratadas e grupos de apoio devem estar envolvidos.
A segunda medida é a terapia comportamental. O paciente com Doença de Alzheimer pode desenvolver uma ampla variedade de transtornos comportamentais, que incluem depressão, agitação, alucinação, delírios, ansiedade, violência, insónia, que podem causar sofrimento considerável para os membros da família e para quem cuida do paciente, profissionalmente. As abordagens não farmacológicas devem ser buscadas antes da terapia medicamentosa. Entre elas, podemos encontrar actividades simples, que ocupem o tempo e tragam satisfação e bem-estar, como se sentar à mesa, tirar o pó da casa e uma variedade de actividades manuais, além de promover reuniões sociais, evitar cochichos durante o dia, usar o banheiro antes de deitar, manter ambiente calmo, evitar confronto com o paciente. Tudo isto preenche a sua vida e promove um sono nocturno mais tranquilo.A terceira medida é o tratamento medicamentoso da demência.
As avaliações em longo prazo são, obviamente, demoradas e de difícil adesão, porém o maior conhecimento das causas da doença e estes avanços farmacológicos criaram um ponto de esperança no controle desta temida patologia.
Continuam a realizar-se investigações para prevenir o início da doença ou de interromper a sua progressão.
Sandra Oliveira
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